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A Sociedade Transparente (Parte 1)


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Capítulo I
PÓS-MODERNO: UMA SOCIEDADE TRANSPARENTE?
O conceito de pós-modernidade está ligado ao facto de a sociedade em que vivemos ser uma sociedade de comunicação generalizada, a sociedade dos mass media. A modernidade é a época em que se torna valor determinante ser moderno, em que se cultiva o novo e o original. Este culto do novo e do original na arte está relacionado com uma perspectiva mais geral que, como sucede na época do Iluminismo, considera a história humana como um progressivo processo de emancipação, como a cada vez mais perfeita realização do homem ideal.
Todavia, actualmente já não parece possível falar de história como um processo unitário. Como demonstrou Walter Benjamin, em 1938 (Tesi Sulla filosofia della storia), a história como curso unitário é uma representação do passado construída pelos grupos e pelas classes sociais dominantes. Não há, portanto, uma história única, há imagens do passado propostas por pontos de vista diversos, e é ilusório pensar que existe um ponto de vista supremo, global, capaz de unificar todos os outros. Consequentemente, se não há um curso unitário dos acontecimentos humanos, também não se poderá sustentar que eles avançam para um fim, que realizam um plano racional de melhoramento, educação, emancipação.
A par do fim do colonialismo e do imperialismo, a ideia de história foi também rebatida pelo advento da sociedade de comunicação. Chamar a esta sociedade ?sociedade transparente? significa que: 1) no nascimento de uma sociedade pós-moderna um papel determinante é desempenhado pelos mass media; 2) que estes caracterizam esta sociedade não como uma sociedade mais transparente, mais consciente de si, mais iluminada, mas como uma sociedade mais complexa, até caótica; 3) que é precisamente neste relativo caos que residem as nossas esperanças de emancipação.
A rádio, a televisão, os jornais tornaram-se elementos de uma grande explosão e multiplicação de pontos de vista e visões do mundo. Nos Estados Unidos das últimas décadas tomaram a palavra minorias de todo o género, apresentaram-se na ribalta da opinião pública culturas e subculturas de toda a espécie. Esta multiplicação de pontos de vista, este tomar a palavra por parte de um número crescente de subculturas, é o efeito mais evidente dos mass media, e é também o facto que determina a passagem da nossa sociedade à pós-modernidade.
Os mass media, que teoricamente tornam possível uma informação em tempo real sobre tudo aquilo que acontece no mundo, poderiam parecer uma espécie de realização concreta do Espírito Absoluto de Hegel, de uma perfeita autoconsciência  de toda a humanidade, a coincidência entre aquilo que acontece, a história e a consciência do homem.
Porém, a intensificação de informação sobre a realidade nos seus variados aspectos torna cada menos concebível a  própria ideia de um realidade. Realiza-se, talvez, no mundo dos mass media, uma profecia de Nietzche: no fim, o mundo verdadeiro transforma-se em fábula. A realidade, para nós, é o resultado do cruzamento, da contaminação das múltiplas imagens, interpretações, reconstruções que, em concorrência entre si ou, seja como for, sem qualquer coordenação central, os media distribuem.
A tese que pretendo propor é que a sociedade dos mas media, em vez de um ideal de emancipação modelado pela autoconsciência completamente definida, conforme o perfeito conhecimento de quem sabe como estão as coisas, abre caminho a um ideal de emancipação que tem na sua base a oscilação, a pluralidade, e por fim, o próprio desgaste do princípio de realidade
Por uma espécie de lógica interna perversa, o mundo dos objectos medidos e manipulados pela ciência-técnica tornou-se o mundo das mercadorias, das imagens, o mundo fantasmagórico dos mass media.
Na sociedade de comunicação generalizada e da pluralidade das culturas, o encontro com outros mundos e com outras formas de vida produz uma oscilação entre, por um lado, um primeiro efeito de identificação, e por outro lado, um sentimento de desenraizamento.

(ver Parte 2 no link disponibilizado em baixo em 'Links Importantes')


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