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A PROBLEMÁTICA QUE ENCERRA A FLEXÃO E A DERIVAÇÃO NOMINAL


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Os exemplos que serão postos em análise validam as questões levantadas por ROCHA (1998) no que diz respeito ao caráter flexional e derivacional dos nomes. Tal discussão é polêmica, haja vista a denominação imposta pela NGB, ?são considerados como flexão o gênero, o número e o grau dos nomes.? No entanto, de que forma se pode considerar o grau, em específico, como pertencente à flexão se o mesmo não respeita a natureza imanente da frase? Ora, se flexão é ?a ação ou efeito de flectir, isto é, de dobrar-se? (LUFT, 1992, p. 299), torna-se impossível aderir a condição de grau à flexão. Vejamos os exemplos: Garçom, me dá uma cerveja geladinha. Por favor, preciso de um café quentinho. Juliana quer uma caminha gostosa para dormir. Em todos os casos, tanto os adjetivos (geladinha, quentinho) quanto o nome (caminha) variaram em grau. Da mesma forma, ambos também não tiveram que flexionar segundo a natureza sintática da frase; o que nos faz concordar com ROCHA (1998) nos quesitos <+> opcionalidade e <-> concordância que permeiam a condição do uso do grau. Os exemplos, na verdade, procedem com as características de intencionalidade e afetividade impostas no discurso do falante, sendo o grau utilizado, portanto, não meramente para demarcar o aumentativo ou o diminutivo, mas, sim, para avaliar algo. É producente, assim, falarmos em grau avaliativo. Nas palavras de Rocha, ?a questão da afetividade é anterior ao aumento ou diminuição de tamanho? (1998, p. 197). Logo, não se está falando em uma cerveja pequena, num café pequeno ou tampouco numa cama pequena. Os nomes mencionados reportam-se, imediatamente, à questão da afetividade, da intencionalidade e, até mesmo, da ênfase. Quando alguém pede uma ?cerveja geladinha? ou um ?café quentinho?, possivelmente quer dizer uma cerveja bem gelada e um café bem quente; o que nos faz acreditar na intencionalidade e na ênfase encontradas em tais discursos. No caso da ?caminha? é perceptível, mais acentuadamente, a afetividade/sentimentalidade. Todavia, se por um lado o estudo do grau não se adequa à flexão por requerer <+> opcionalidade e <-> concordância; por outro (<+> regularidade), o grau pode ser considerado flexional. De acordo, novamente, com Rocha, o grau avaliativo é regular e sistemático, porque, dado um substantivo, é possível constatar a existência do mesmo substantivo com a marca morfológica de grau, que se realiza na língua através de sufixos variados, quer sejam os sufixos conhecidos tradicionalmente como diminutivos, quer sejam os sufixos conhecidos tradicionalmente como aumentativos (1998. p. 197). A citação revela a condição quantitativa do uso do grau. Como esta é bem freqüente entre os utentes de Língua Portuguesa, houve-se por bem caracterizar o grau, também, como pertencente à flexão. Contudo, é importante lembrar que há três critérios fundamentais na diferenciação entre flexão e derivação. O estudo do grau se insere em dois deles, como vimos mencionado: <-> concordância e <+> opcionalidade. Estas são características usuais da derivação e não da flexão. Logo, o critério da <+> regularidade parece insignificante para classificarmos o grau como flexão. Além disso, ao formamos palavras utilizando um morfema de ?aumentativo? ou ?diminutivo? não estaríamos formando outras palavras, já que o campo semântico em que essas novas construções são inseridas diverge do seu valor, digamos, primário (sem marcas de grau)? Por tudo isso, pode-se dizer que o grau parece estar melhor inserido no estudo da derivação, da formação de novas palavras; e não, como quer a NGB, no campo da flexão. Além disso, é necessário rever os limites do estudo morfológico. Pelas questões levantadas, é lícito dizer que o mesmo pode ser complementado pelas análises discursiva e sintática, e não somente entendido pelas marcas mórficas.


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