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Vivendo e aprendendo


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No ano de 2002 saí de Recife - Pernambuco - Brasil para passar uma temporada nos Estados Unidos com um amigo que já morava lá há algum tempo. Antes de sair do Brasil, estava muito preocupado com o fato de não falar inglês. Eu tinha apenas uma noção herdada do período colegial e ainda assim não era nada substancial.Peguei alguns livros antigos, comprei um cd na banca de revista para ver se de última hora, treinava alguma coisa em conversação. Mil coisas ás vésperas de viajar passavam pela minha cabeça. Estava prestes a desembarcar no aeroporto em Miami sem falar um ?ai? em inglês. Naquele momento com os meus 29 anos de idade, me arrependia de nunca ter me dedicado ao idioma. Mas tudo bem, não era momento de olhar para trás. Estava a menos de 24 horas de embarcar e o importante mesmo, era tentar captar alguma coisa. Fiz algumas anotações que considerava importante. Perguntas básicas, do tipo onde fica o sanitário, preciso de um copo d?água, onde existe uma farmácia mais próxima, etc.
Ao chegar em Pensacola, cidade litorânea na Flórida, onde eu ficaria por quatro meses, o meu amigo disse-me que era de fundamental importância que por pelo menos uns dez dias, eu precisaria sempre sair acompanhado por algum amigo brasileiro que estivesse disponível, mas nunca sozinho. Até que conhecesse o estilo de vida, as regras a serem cumpridas na cidade, trânsito, supermercado e principalmente a balbuciar algumas palavras e entender um pouco do inglês pelo menos. Abrindo um pequeno parêntese, é importante ressaltar que apesar de nunca na vida ter me dedicado com afinco ao inglês, quando adolescente cheguei a freqüentar cursos, por períodos intercalados.E no fundo sempre que me interessei por algo com vontade mesmo, esforço e dedicação são atributos inerentes a minha pessoa.O problema é que na primeira vez que do fundo da minha alma eu desejei aprender realmente a falar inglês, já era um pouco tarde, eu já estava em território americano. Fecha parêntese.
No primeiro dia na cidade de Pensacola, o meu amigo resolveu de imediato me levar para cortar o cabelo. Esta seria a primeira providência, pois observou que com meu cabelo preto liso, aliado a minha cor morena, e olhos castanhos claros, o meu estereótipo estava mais para um mexicano do que brasileiro propriamente dito. E se tem uma coisa que brasileiro detesta na Terra do Tio Sam, é ser confundido com mexicano. Nada pessoal contra Los Hermanos, mas é fato!
No caminho do cabeleireiro que ficara situado dentro de uma área do Wall Mart, questionei meu nobre colega sobre como eu deveria falar em inglês para pedir o tipo de corte. Este com pouco menos de um ano por lá, já se virava sozinho, mas como seu inglês não era lá essas coisas, muitas vezes o embaraço o visitava. Ele não sabendo como pedir o estilo do corte de cabelo orientou-me que assim que eu sentasse na cadeira, a primeira coisa que iam me perguntar era como eu queria o corte, onde prontamente eu deveria responder: I no have Idea(eu não tenho idéia em inglês). Assim fui orientado, esta seria a primeira coisa que iam me perguntar e já gravara a frase para responder sem erros. Fiquei repetindo em voz baixa várias vezes para não esquecer.
Chegando ao salão, aguardava a minha vez e olhando atento a tudo e a todos.Tudo era muito estranho e novo para mim. Meu coração batia forte e eu sinceramente não conseguia entender o porque de estar tão nervoso com um simples corte de cabelo. De repente a cabeleireira acena para mim e de forma simpática aponta para que me sentasse na cadeira. A primeira pergunta que ela faria não saía da minha cabeça e a frase que meu amigo teria me ensinado também não. Estava tudo bem memorizado. Sentei na cadeira, ela colocou o pano protetor sobre mim e docilmente pronunciou: How are you doing? Rápida, forte e eloqüentemente eu respondi:
I no have Idea!
Todos da sala de espera caíram na risada e eu realmente não tinha idéia do porquê de tanta gargalhada. Tinha certeza que teria pronunciado talqual como meu amigo tinha me ensinado. O meu amigo ria muito também e eu tão sem graça que resolvi rir com todos.No final das contas a mulher cortou o meu cabelo quase que raspado. Na hora da saída meu amigo se distraiu e me deixou sozinho, quando a caixa me perguntou: Are You Military? Mais uma vez não entendi nada, fiquei sem chão e numa rápida ação, posso dizer que instintivamente resolvi responder: Yes! Resultado final, que quando fui entregar os quinze dólares que estava na minha mão ela não quis receber e apenas dizia: Bye, have a Nice day!
Só entendo o ?Bye? peguei meu dinheiro e me mandei do salão ao avistar o meu amigo já no carro me esperando. Mas para fechar com chave de ouro, depois de tantos embaraços que passarei a contar aqui, hoje leio, escrevo e falo inglês fluente. A fome ensina a pedir, a dor ensina a gemer, o medo ensina a correr! Pense!



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