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Degeneração e melhoria das línguas


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O artigo ?Degeneração e melhoria das línguas?, de José Luiz Fiorin publicado na revista Língua Portuguesa é uma resposta a um artigo publicado na revista Veja no dia 12 de setembro, cujo tema era a reforma ortográfica. A partir dele, Fiorin destacou duas afirmações essenciais deste artigo para rebater: 1º) o português pode-se transformar através de um acordo ortográfico e 2º) a língua é deformada diariamente nos blogs e chats.
Para o autor, e também para qualquer interessado nos estudos lingüísticos, tais afirmações são equivocadas. O primeiro equívoco é acreditar na idéia de que a ortografia é o elemento central de uma língua e que, portanto, pode ?defini-la?. Segundo Fiorin, afirmar ou acreditar nisso é desconsiderar que a língua é, na verdade, definida por um sistema fônico, uma gramática e um vocabulário, além da imprescindível consciência de que a língua existe quando está sendo usada por seus falantes, e não uma porção de regras, que em geral, apresentam mais exceções que obediências a elas.
Ainda a respeito do primeiro equívoco, Fiorin destaca que existem diferenças na composição de um texto oral e escrito, e que a ortografia é uma convenção para a produção de textos escritos e não uma a pura representação da fala. Dessa forma, mudanças ortográficas não podem ?transformar? um língua. Podem, no máximo, conseguir impor novas regras para a grafia de palavras ou coisas de pequeno porte e estritamente relacionadas à ?escrita formal?.
Embora o autor não chegue a entrar em perspectivas mais teóricas, vale ressaltar também que a língua, ao contrário do que crêem os que defendem a ortografia como base para uma mudança na língua, é organismo vivo e que, portanto, muda e se adapta às necessidades de seus falantes.
Uma vez esclarecido este ponto, Fiorin passa para o segundo equívoco, no qual as mudanças e adaptações feitas na linguagem utilizada nos chats e blogs são consideradas ?ataques deformadores? da língua ?bela e pura? dos gramáticos conservadores.
Se a língua é viva e muda para se adaptar às necessidades de seus usuários, qual o problema de, em chats e blogs, existir algumas mudanças que facilitam e dão identidade aos seus usuários? Na internet é possível constatar a presença de textos de caráter informal, que não refletem uma alteração na língua em si, mas sim uma mudança na composição dos textos escritos de determinados gêneros e direcionado a determinados suportes.
Dessa forma, também é um equívoco grave afirmar que as línguas ?decaem devido às agressões de seus usuários?. Se a língua é constituída a partir do uso, então não se pode dizer que tais mudanças geram a ?degeneração? da língua. O próprio Fiorin ressalta que existem falantes que, quando tomam consciência das mudanças, costumam manifestar tal atitude de negativa, considerando que a novidade leva à decadência e que a mudança estaria empobrecendo a língua.
Ainda segundo o autor, essas concepções do senso comum já tiveram acolhida entre os lingüistas, mas não resistiram por não apresentarem fundamentos reais e nem possibilidade de comprovação. Para Fiorin, e também para Mattoso Câmara, citado por ele em seu artigo, em consonância com a visão da lingüística atual, as mudanças e alterações na língua não fazem dela melhor ou pior, apenas diferente.
Porém, o que vemos com freqüência é que os estudos lingüísticos, baseados e fundamentados em sérios estudos científicos, perdem espaço quando grandes veículos de massa como a poderosa revista Veja que, ao invés de ajudar a derrubar tais mitos e equívocos divulgando informações com bases mais sólidas, age no sentido inverso, dando ainda mais força ao preconceito e a discriminação.


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